«Caros Sportinguistas,
Encerramos uma época desportiva mas, mais do que isso, encerramos um ciclo na vida do nosso Clube. Um se fecha, para que outro se abra mais à frente.
E para que este se feche definitivamente remeto-vos esta mensagem.
Transportaremos sempre connosco o que de melhor tenhamos conquistado.
Desde logo uma situação financeira que conseguimos estabilizar, fruto do esforço, trabalho competente e dedicação de toda a minha equipa. Posso hoje dizer-vos que pertencemos a um Clube que apresentou um lucro de 22 milhões de euros, que acaba de concluir o mais bem-sucedido empréstimo obrigacionista da sua história, que soube reduzir as despesas, honrar os compromissos e preparar ambiciosa, mas prudentemente, o seu caminho.
Conseguimos aumentar os índices competitivos em todas as nossas modalidades e assim, estamos certos, criar condições sustentadas para que a conquista de mais títulos seja regular.
Dentro de 21 meses estaremos em condições de festejar muitas dessas vitórias no Pavilhão João Rocha, que será inaugurado em Março de 2017
Temos lucro e temos títulos mas este não seria o Sporting Clube de Portugal se não tivéssemos desde sempre, hoje e para sempre valores!
Um deles, porventura o principal, é o do intransigente compromisso com a verdade.
Quem hoje vos fala não o faz por ter um contrato de longa duração a ligá-lo a uma Instituição mas antes um contrato eterno e irrevogável com o Sporting Clube de Portugal. Como todos saberão, decidiu a Administração da Sporting SAD, por unanimidade, esgotada a tentativa de chegar a um acordo com o treinador Marco Silva, instaurar um processo disciplinar com vista ao seu despedimento com justa causa não por consequência da falta de acordo, mas pelo número significativo de ocorrências que tiveram lugar e que, a nosso ver, causaram uma rutura de relacionamento com o treinador do Clube.
Marco Silva não será apagado nem da nossa História nem das fotografias do nosso Clube e em ambas, ficará registado como o treinador que venceu a Taça de Portugal 2014/2015, contribuindo desse modo, para terminar com um ciclo de sete anos sem vitórias nas competições principais.
O reconhecimento ao seu trabalho e mérito ficará para sempre registado porque nunca foi o seu valor como treinador que esteve em causa.
As qualidades técnicas de um jovem treinador em formação, foram por mim próprio reconhecidas, quando tomei a decisão de assinar um contrato por quatro anos. Tal como muitos Sportinguistas partilhei dessa perceção.
Todavia, ao trabalhar com Marco Silva, vi-me involuntariamente envolvido num conjunto de episódios em que este demonstrou, no nosso entendimento, falta de respeito para com o clube e para com a estrutura que com ele trabalhava.
Inevitavelmente, isso mudou a minha opinião.
Não está em causa o treinador, cujas qualidades técnicas não se colocam em causa, mas sim circunstâncias pessoais que naquelas ocasiões nos deixaram revoltados e desapontados, de forma extremamente grave.
Foram esses (vários) episódios que serviram como fator de constante desestabilização do normal relacionamento institucional, tornando a situação insustentável.
Assinalamos ainda que, durante vários destes episódios, e porventura por pelo nosso silêncio, não foi dada qualquer ênfase na comunicação social aos atos de Marco Silva, ou procurada qualquer justificação para um elevado conjunto de atitudes e frases enigmáticas que este proferiu. Foi igualmente visível o aproveitamento da natural simpatia, que os sócios e adeptos do nosso clube sentiam para com o treinador, para se procurar provocar instabilidade.
O último episódio foi, após ter sido convocado para uma reunião com o seu Presidente na passada 4ª-feira , ter dado a informação de que não podia reunir nessa data porque estaria presente num acção de renovação da licença “UEFA Pro”, a decorrer em Fátima. Situação que se veio a verificar não correspondia à verdade, com a agravante de ao mesmo tempo – e como tantas vezes aconteceu – ter sido passada para os jornais a informação de que era o treinador que estava à espera para ser recebido.
O mesmo sucede agora, com uma seleção adjetivada de factos que vemos patente nos escaparates e pela qual os sportinguistas não devem deixar-se enganar.
Por exemplo, o Sporting tem parceiros e patrocinadores que lhe permitem alcançar determinados níveis económicos. Diminuir-se publicamente as necessidades de um parceiro e patrocinador do Sporting Clube de Portugal, que entrega ao Clube receitas em troca de visibilidade, e que vê o seu retorno de visibilidade injustificadamente diminuído por alguém que, por algum motivo, entendeu não lhe serem aplicáveis as regras de um grupo, nem de que um mero fato estejamos a falar, não é só deselegante como é pouco sério.
Em prol do superior interesse do cumprimento dos objetivos desportivos, optámos por não causar a rutura quando ela se impunha, tendo mantido uma posição de tolerância quase involuntária para que os objectivos do Sporting Clube de Portugal pudessem ser alcançados.
Quero também deixar expresso, de forma muito clara, o sentimento de que terminado este processo, para o Sporting Clube de Portugal, são indiferentes as opções profissionais que o treinador Marco Silva venha a tomar, inclusivamente no que se refere ao clube que decida treinar, seja ele rival ou não.
O meu único dever de lealdade é para com o Sporting Clube de Portugal.
Hoje como amanhã estarei sempre única e exclusivamente ao serviço do Sporting Clube de Portugal.
A minha dedicação 24 horas por dia é com esta Instituição que tanto amo e me orgulho de presidir.
Instituição que merece o máximo de respeito, lealdade e verdade por parte de todos os que a servem.
O nosso Sporting Clube de Portugal pauta-se por princípios de rigor e exigência muito claros, demonstrados de forma inequívoca nas contas que já apresentámos e nos resultados desportivos que melhoram de época para época.
E quero dizer a todos os Sportinguistas que existem valores que para nós são inalienáveis.
Estando eles em questão é todo um projeto que é posto em causa.
E para mim o projeto que conta é só um: o sucesso e o futuro do nosso Sporting Clube de Portugal!
Fecho este ciclo com a absoluta convicção de que, mais uma vez e como sempre, decidimos com a consciência e a obrigação de agir no melhor interesse do Sporting Cube de Portugal e na defesa intransigente dos seus valores e princípios que sempre nos diferenciaram.
Presidente do Sporting Clube de Portugal,
Bruno de Carvalho»
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