Fazer do ódio um projeto

Estabeleceu-se, não sei bem desde quando, que o Sporting era um clube simpático, pacífico. Chegou-se até à designação de "diferente" num registo meio elitista, meio parolo no qual, pessoalmente, nunca me revi. 

O Sporting, enquanto clube maior de Portugal, não pode NUNCA ser um clube diferente. O Sporting, clube MAIOR de Portugal, é um país dentro dum país, vivido intensamente por milhões de pessoas. Nessa imensa massa adepta haverá obviamente de tudo, ricos e pobres, pretos e brancos; gente de elevada craveira, cromos de requintada rareza. É nessa pluralidade que me contemplo, é essa a nossa expressão, com todos os defeitos e virtudes que daí advêm...

É verdade que o nosso Sporting andou perdido. É certo também que estamos apenas no início duma eventual recuperação. E acredito que muito do desnorte nasceu dessa tentativa de balcanizar o clube a uma meia dúzia de interesses e a uma méia dúzia de supostas personalidades. Temos responsabilidade na forma como viabilizámos esse status durante anos, enquanto o clube definhava. E agora temos a obrigação de lutar para a redescoberta deste nosso clube.

Para que esse desejo se cumpra, penso que existe algo que deve mudar. Temos que abandonar essa imagem de clube simpático, de gente cordata. O Sporting só será simpático enquanto for perdedor. Logo, não quero mais um Sporting simpático.

Um Sporting vencedor será sempre odiado...

pelos adversários, que assim vêem perdido o controlo tranquilo do futebol tuga;

pelos árbitros, que assim perdem uma fonte de rendimentos fundamental;

pelos merdia, que, quais cãozinhos obedientes, sabem quem é o dono.

O êxito do Sporting será sempre mensurável pelo ódio dos adversários. Esse ódio, misturado com temor, começa a ser visível. Mesmo aqui, neste plácido espaço...