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quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

V. Setúbal-0 Sporting-6 "Simplesmente Avassalador"


Quando uma equipa consegue vencer com 6 golos sem resposta, em 90 minutos de futebol total e sempre com intensidade máxima, é difícil saber por onde começar para tentar explicar o que se passou ontem em Setúbal.

Mas começamos pela véspera, quando Jorge Jesus tinha avisado que este jogo era de exigência máxima e que uma escorregadela nesta jornada deitaria por terra todo o esforço que a equipa tinha feito na jornada anterior quando derrotou o Porto em Alvalade. A curta vantagem de apenas 2 pontos sobre o mais directo perseguidor não permitia margem de manobra para deslizes e por isso era obrigatório vencer. Do outro lado estava uma equipa que joga bom futebol, ocupava o 5.º lugar da tabela e que inclusivamente tinha um melhor ataque que o Sporting.

No entanto, a forma concentrada e determinada com que a quipa entrou em campo, com vontade de rapidamente arrumar a questão e garantir a vitória foi decisiva para que este jogo fosse de sentido único e que não ficassem dúvidas sobre quem sairia vencedor deste desafio.

Foi certamente dos jogos mais bem conseguidos nesta época, com um futebol de ataque vertiginoso, sempre de intensidade máxima e sem tirar o pé no acelerador... mesmo quando a goleada já estava construída, notava-se que os jogadores queriam sempre mais e mais. Impressionante!

O Sporting foi fiel a si mesmo e exibiu em campo as características que têm sido a imagem de marca da equipa treinada por Jorge Jesus (intensidade, pressão alta, futebol apoiado e sempre à procura de espaços), mas nota-se cada vez mais uma maior consistência de jogo, o que faz com que aconteçam resultados como o de ontem.


E atenção que o Setúbal não jogou mal. O Sporting é que simplesmente não deixou o adversário jogar! Quando o primeiro remate do Setúbal à baliza ocorre aos 60 minutos, penso que está tudo dito acerca da consistência do quarteto defensivo, ao qual se acrescenta um William Carvalho que fez uma grande exibição ao nível daquelas que nos fizeram admirar este jovem jogador que muitos apelidam de "Sir William".

No ataque, a novidade foi a estreia absoluta de Bruno César que assumiu a posição no lado esquerdo do ataque, permitindo que Bryan Ruiz fosse para o centro do terreno, em apoio directo a Slimani. De resto, João Mário novamente na esquerda, com Adrien Silva na sua habitual posição de médio de transição.

Todos os jogadores do ataque estiveram muito bem e funcionaram como uma verdadeira orquestra afinada. É impressionante como um jogador como Bruno César faz apenas o seu primeiro jogo e se integra tão bem na manobra da equipa que até parece que já cá anda à vários anos. Os 2 golos marcados e 1 assistência ficam na memória dos adeptos como uma das estreias mais promissoras das últimas décadas.

Adrien, muito bem. O "pulmão" da equipa! Um jogador incansável, seja na construção de jogo seja a bloquear os ataques adversários.

João Mário, nem que fosse só pelo grande golo que marcou já  seria merecedor de destaque. Aquele remate indefensável à entrada da área, depois de vir da esquerda e deixar para trás 4 adversários merece ser visto e revisto... mas a sua exibição foi muito mais do que isso. Foi plena de intensidade e de classe. Aquele "miúdo discreto" que joga com pés de veludo é um verdadeiro caso sério do futebol português. Sem ser preciso nascerem estrelas (cadentes) e sem capas de jornais a anunciar o nascimento do próximo Bola de Ouro... simplesmente Mário, João Mário.

Bryan Ruiz não sabe jogar mal: só sabe jogar bem e muito bem! E se na esquerda já é o que se sabe, então o que dizer destas novas funções no centro do terreno? Parece-me que, com este nova disposição dos jogadores em campo, Teo e Montero vão ter dificuldades em conquistar um lugar no onze inicial.

E por último, Slimáquina! O goleador argelino continua de pé quente e somou mais 2 golos à sua conta pessoal, elevando para 12 os tiros certeiros no campeonato (16 no total da época), o que faz desta a sua época mais concretizadora no Sporting. E porque ainda só vamos a meio da época, fica a pergunta: Até onde irá a veia goleadora do Super Slim?


As entradas de Gelson, Matheus e Aquilani na segunda parte foram importantes para dar algum descanso a algumas da pedras nucleares da equipa, mas mesmo com estas alterações notou-se que a equipa continuou com o mesmo ritmo e vontade de marcar mais golos. É isso que Jorge Jesus pretende neste conceito de futebol total que está a implementar no Sporting.

Mas Jorge Jesus esteve também em grande estilo na conferência de imprensa no final do jogo a demonstrar que o seu papel não se esgota na preparação da equipa e nas indicações durante os 90 minutos. Quem ainda não se habituou, que se comece a habituar a estes "mind games" e jogos psicológicos que ele vem fazendo com destino aos rivais. O que ele disse no final do jogo, em resposta à pergunta do jornalista sobre se estava obcecado pela sua anterior equipa, merece ser lido:


"Estou obcecado pelo Benfica, FC Porto e todos os meus adversários, principalmente pelos rivais que estão na luta direta pelo campeonato. Procuro conhecer bem o adversário para quando for a quarta vez voltar a ganhar. Estamos a fazer o nosso caminho. Estamos obcecados para continuar em primeiro, obcecados porque queremos ser melhor que os outros, estamos obcecados por fazer coisas para a grandeza do clube."

A última vez que o Sporting venceu por 6 sem resposta foi à 14 anos em Paços de Ferreira, numa época que culminou com a conquista do último campeonato. Nessa altura pontificavam no ataque jogadores como Jardel, João Pinto e Niculae.


Hoje, tal como nessa altura, todos sentimos que estão reunidos os ingredientes necessários para que a campanha seja novamente vitoriosa. Se o vamos conseguir ou não, não sei. Apenas sei que acredito nesta equipa, neste treinador e nesta direcção e que temos que continuar focados no objectivo, sempre a pensar no próximo jogo até à vítória final!

Próxima paragem, Alvalade, domingo, 16h...casa cheia! Eles merecem o nosso apoio!

4 comentários:

  1. E o Sporting é o nosso grande amor...!!

    SL

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  2. Confeso que andava algo angustiado com este jogo, Bonfim costuma ser um estádio complicado para o Sporting e onde as arbitragens se sentem com um certo á vontade para nos roubar (como foi o caso de Vasco Santos há dois anos).
    O jogo começou e a angústia foi passando, pois via o Sporting a fazer um futebol total, não dando hipótese para o adversário se aventurar a saír para a frente, o meio-campo leonino era demolidor, tanto na pressão defensiva como na construçãop dos lances de ataque, Bruno César foi um excelente reforço, daqueles que não deixa dúvidas a ninguém e entrou com uma naturalidade no 11 como (e muito bem o Jorge disse no texto) se jogásse há anos com estes companheiros.
    De resto vou destacar o colectivo, pois o jogo foi tão bem conseguido que todos foram excelentes, que grande jogatana de futebol corrido, e quem quiser ver como se constrói um lance de raíz, pode ver o lance inteiro do terceiro golo, uma obra de arte de cerca de vinte segundos com troca de bola entre quase todos os elementos da equipa...sublime!

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