Sporting, um clube diferente...

É comum que os sportinguistas sintam o seu clube como "diferente". Esse lugar comum tem sido repetido em diferentes contextos, por diferentes intervenientes e com objetivos diferenciados.

O que hoje proponho é um olhar frio sobre essa referência e as implicações nas rotinas do clube.

Antes de mais, por muito diferente que se pretenda o Sporting, a realidade é que se trata dum clube de alta competição, cujo principal desígnio passa pela vitória. 

Não há projeto de clube que vingue sem preconizar o Sporting como força vencedora e dominante no futebol português. E mesmo num momento particularmente sensível das economias do clube, os resultados são uma realidade incontornável.

Então, se temos os mesmos objetivos de Porto e Benfica e assumimos um percurso diferente para alcançar esse desiderato, como é que definimos essa diferença? Mais importante ainda, como é que lhe garantimos possibilidade de sucesso?

Acredito que boa parte dessa resposta reside na capacidade de formação do clube. Ao contrário dos nossos adversários, o Sporting consegue "construir" um jogador de top na sua Academia, circunstância que requer menor índice de recursos financeiros. 

Boa parte da resposta está definida, mas não a sua totalidade. Uma equipa vencedora não pode ser, nunca, uma amálgama de jogadores inexperientes. Quando concentramos no plantel um conjunto assinalável de jogadores com cerca de 20 anos, é preciso compensar essa falta de experiência com elementos que os consigam liderar.

Que elementos serão esses? Por um lado, jogadores que representem um acréscimo de experiência (acredito que é incongruente o Sporting apostar em jovens estrangeiros, quando tem tanto talento na Academia) e qualidade (reforçando posições deficitárias). Por outro, uma direção técnica que seja o primeiro baluarte dessa premissa de experiência e qualidade. 

O Sporting é o último clube a poder-se dar ao luxo de promover um treinador inexperiente (em comparação, é muito mais fácil à estrutura portista realizar esse tipo de aposta). Nessa função precisa de alguém que consiga descodificar o potencial dos jovens e que facilite o seu crescimento para o profissionalismo. Foi por esse motivo que Jesualdo conseguiu fazer um bom trabalho...

No momento atual, a escolha de Leonardo Jardim é uma opção feliz, apesar da juventude do técnico madeirense. Isto porque se trata dum treinador obcecado pela organização e que entra em Alvalade num momento em que se tornou claro que as incongruências do passado não poderiam continuar.