Jorge Jesus - Uma entrevista sem rodeios

No dia 05/07/2015, Jorge Jesus esteve no programa Playoff da SIC Noticias, onde, ao longo de 2 horas, falou sem complexos ou rodeios de alguns temas muito relevantes da actualidade do Sporting.

Não fosse a azia e a ânsia de protagonismo dos membros do painel (nem sei bem como classificar aquela rena do Rodolfo…) e poderiam ter sido abordados mais alguns temas com interesse.

Mas fica aqui um resumo com as principais ideias do nosso Treinador, as quais nos deixam pistas acerca daquilo que vai ser o Sporting 2015/2016:

• Não imaginava que viria a ser treinador do Sporting. Foi tudo muito rápido e neste momento anda à procura de conhecer a realidade do clube. Entra na Academia às 7h e sai às 8h/9h da noite.

• Durante os 6 anos em que esteve no Benfica sempre se sentiu desejado, mas neste último ano as coisas mudaram e no final da época apareceu o Sporting com uma grande vontade de o contratar e em apenas 2 dias acertou o acordo com o Sporting.

• Em termos contratuais, nem verbas discutiu. Aceitou de imediato o que o Sporting lhe propôs. Tinha propostas financeiramente muito superiores (6M € a 8M € anuais limpos), de Itália (refere o Inter, Milan, Nápoles e Roma) e do Quatar, mas optou pelo projecto desportivo em detrimento da vertente financeira. Admite que a componente sentimental pesou, mas não foi o mais importante.

• Quem ganha campeonatos e alimenta a estrutura são as vitórias. Não são as estruturas que ganham campeonatos, mas sim as pessoas certas nos lugares certos. Pessoas com experiência e sabedoria.

• Quem manda no Sporting é o Presidente (BdC) e está acima de toda a gente. Ao Treinador compete pedir aquilo que ele entende ser o melhor para o clube, mas tudo será sempre feito em sintonia com o Presidente.

• Se o BdC entender que quer continuar a assistir aos jogos no banco de suplentes, pode fazê-lo sem problemas. É a ele que compete tomar essa decisão e não ao Treinador.

• Apesar de estar à pouco tempo no clube, já tem uma relação muito boa com BdC. Considera-o um homem com muita dinâmica e muito apaixonado (um pouco parecido ele) e considera que de certeza que se vão entender muito bem.

• O Octávio Machado foi contratado a seu pedido (e aceite pelo BdC) por ser um homem do futebol com ideias muito próprias e um conhecimento profundo da gestão de um clube. Vem ajudar a montar uma estrutura e organização do futebol. Um pouco na linha do M. Fernandes, que no fundo são regressos ao Sporting (tal como ele próprio).

• Em termos gerais, a ideia de jogo do Sporting vai ser a mesma que tinha no Benfica, mas o que define tudo é o modelo de treino e a qualidade dos jogadores.

• Tem consciência que esta mudança para Alvalade tem riscos, mas optou por sair de uma posição confortável.

• Formar jogadores não é só formar jovens, independentemente da idade ou da nacionalidade um jogador pode sempre ser formado.

• Os grandes clubes têm que ter massa adepta (e o Sporting tem) e por isso é que é um grande clube. A história do clube existe conquistas e é isso que o Presidente procura.

• Assumindo que mais nenhum jogador sai do plantel, está à procura de contratar entre 3 a 5 jogadores para melhorar a qualidade do plantel e lutar pelo título.

• O Danilo era um jogador que queria ter no Sporting, mas vão procurar outras soluções e não ficou muito preocupado porque esta não era das posições mais carenciadas. Era uma contratação a pensar no futuro.

• O Bryan Ruiz já estava a ser negociado antes de ele chegar ao Sporting. O Ricky Van Wolfswinkel fez duas boas épocas no Sporting e foi um dos melhores marcadores (20+25 golos), sendo uma possibilidade em aberto.

• Não existe qualquer possibilidade do Quaresma poder vir para o Sporting. Tem com ele uma boa relação extra-futebol e existe entre ambos e um respeito mútuo, mas nada mais do que isso.

• Gostava de poder contar com o Nani para esta época, mas as exigências financeiras não o permitem.

• O Sporting vai ter um início de época muito exigente, com a Supertaça, Campeonato e o Playoff de acesso à Liga dos Campeões, a qual é muito importante em termos desportivos e financeiros. Existe uma grande preocupação com o facto dos 8 jogadores internacionais A só chegarem no dia 19 (véspera da partida para o estágio da Africa do Sul).

• Sem bons jogadores não se faz uma boa equipa. Desde que exista matéria-prima (e o o Sporting tem), é possível construi um plantel à altura das exigências da época.

• O treinador pode fazer a diferença no que diz respeito a potencializar um jogador (alguns fazem em 1 época o que outros nem em 10 conseguem fazer).

• O William Carvalho já não é uma esperança, é uma certeza e só vai ser potencializado se a equipa também o for. Mas, pelas suas características, não tem dúvida que com ele, o WC vai jogar mais.

• Não é contra o sorteio dos árbitros. Existindo qualidade nas equipas de arbitragem, o sorteio até pode ser positivo.

• Vai olhar para todos os jogadores, independentemente da nacionalidade ou idade. O que importa é a qualidade. Mas refere que nos últimos anos o Sporting é a equipa que tem tido mais jovens no 11 inicial e pouco ganhou.

• No imediato, já decidiu que 2 jovens da equipa B vão fazer parte do plantel principal e um deles é um dos que foi referido no programa (falou-se em Wallyson, Gelson, Matheus Pereira, Iuri Medeiros, Rubio e Ryan Gauld).

• Há uma diferença entre formação (jogadores formados no clube) e prospecção (jogadores descobertos fora do clube). Na formação, o Sporting tem estado á frente e está muito bem, mas na prospecção tem que melhorar.

• A composição do plantel para a nova época é definida no decurso da pré-temporada. Nunca parte com um plantel pré-definido. Antes de tomar decisões, quer conhecer e trabalhar com todos os jogadores (referem os casos de Labyad, Viola e Salomão). Considera que a vinda dos internacionais A mais tarde tem um lado positivo, pois tem tempo para avaliar com mais calma os outros jogadores.

• O estágio da Africa do Sul já estava definido antes de ele chegar ao clube e há que respeitar essa decisão. Deixa no ar a ideia de que não tomaria essa decisão.

• O capitão de equipa será sempre aquele que ele considerar que tem mais capacidades para a função. O Rui Patrício é um dos três capitães, mas vão entrar outros jogadores com esse perfil e o capitão não tem que ser necessariamente o que tem mais anos de clube.

• No que diz respeito à sua irreverência no banco de suplentes durante os jogos, pensa que os árbitros vão ter com ele a mesma postura que tinham anteriormente. Normalmente dirige-se apenas aos seus jogadores e não é desrespeitoso para com a equipa de arbitragem.

• Sem dizer nomes, admite que gostava de ter jogadores do Benfica no Sporting, mas da mesma forma que anteriormente haviam jogadores do Sporting que gostava de ter tido no Benfica.

• Acredita no seu trabalho, que vai fazer uma boa equipa e que pode ser campeão na primeira época. Diz que qualquer treinador que treine o Sporting tem sempre essa exigência.

• O Sporting é um clube com história em Portugal e habituou os adeptos a ganhar títulos ao longo dos anos. Essa é a sua responsabilidade: devolver ao Sporting a sua cultura e história desportiva!