Um dos problemas que o Sporting ainda tem para resolver neste defeso prende-se com a dinâmica atacante. Existe a tendência a resumir a questão à figura do avançado, no entanto, como tentarei comprovar, o problema é mais complexo.
Com o momento menos bom de Montero, Slimani foi ganhando espaço no plantel e pode, neste momento, reinvindicar a titularidade. Esta mudança, no entanto, tem sérias implicações nas alas.
Na versão "colombiana" do nosso Sporting, existe uma maior necessidade de pontos de contacto entre as alas e o avançado. Carrilo, Carlos Mané e Héldon são alas que cobiçam a área, tornando-se suportes essenciais à atividade predadora de Montero.
Com Slimani, o jogo leonino depende mais dos espaços criados pelo argelino, cujo poder físico se revelou uma arma importantíssima na sua afirmação no clube. Capel é talvez o único ala que consegue interpretar esse futebol mais corrosivo, mas infelizmente a sua consistência é frágil. E o que temos de mais aproximado ao espanhol é Iuri Medeiros, que ainda está longe de ser tido como opção.
Ora, isto obrigaria à chegada de mais um flanqueador puro, com boa capacidade de cruzamento, para podermos aproveitar o nosso bulldozer magrebino.
Mas as dúvidas não terminam aqui. Acredito que André Martins dificilmente se enquadra na versão "argelina" deste Sporting. André Martins é um jogador de elevada rotação, mas não é propriamente rápido, sobretudo na tomada de decisão. Essa "lentidão" que ajuda Montero na coreografia atacante da versão colombiana, torna-se inibitória quando temos Slimani à sua frente. Neste caso, João Mário apresenta muito mais capacidade para inventar jogadas para o argelino...
É claro que podemos (aliás, devemos) ter modelos diferenciados. Mas estas dificuldades estruturais podem dificultar a capacidade afirmativa do futebol leonino. E, como já pudemos verificar, as mexidas no sistema redundaram normalmente, numa perda de acutilância defensiva, custando-nos algumas derrotas que não devemos repetir em competição...
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